1ºC1 -3º
Bimestre - Aula 2
Introdução
Entende-se, por fluxo de
matéria e/ou energia, o
"caminho" percorrido pela matéria, também chamada de biomassa, ou
pela energia ao longo de um ecossistema. Trata-se de um processo
fundamental para o funcionamento e a manutenção de um ecossistema, podendo ser
representado como uma pirâmide chamada de pirâmide
trófica ou pirâmide
ecológica.
A pirâmide ecológica é, portanto,
um modelo didático usado na Ecologia para esquematizar o fluxo de matéria e energia
presente em um ambiente, com base nas relações ecológicas existentes
entre os seres vivos que ali habitam.
Para
compreender o conceito de fluxo de energia, ou de biomassa, é importante entender como estão dispostos os
organismos em um ecossistema, bem como as relações estabelecidas entre eles,
pois é através dessa relação que a energia e a matéria são deslocadas no
ecossistema.
Entende-se
por ecossistema o
conjunto de fatores bióticos (seres vivos) e abióticos (clima, água, nutrientes
no solo, luminosidade, etc) que se interagem em uma determinada localidade ou
região. Pode ser entendido também como o conjunto de comunidades existentes em
uma região junto com os fatores ambientais e climáticos disponíveis.
Uma característica fundamental de um ecossistema é a relação
estável entre o espaço físico, o fluxo de energia e os fatores bióticos e
abióticos. Com isso, nem todo sistema biológico pode ser chamado de ecossistema,
caso não seja autossuficiente e não possua autorregulação.
Os
seres vivos que compartilham o mesmo ecossistema podem se relacionar através de relações ecológicas que
podem ser harmônicas,
quando há o benefício de pelo menos um dos integrantes sem o prejuízo do outro,
ou desarmônicas, quando
há o prejuízo de pelo menos um dos integrantes que se relacionam.
Dentre as
relações desarmônicas já conhecidas, o predatismo e a herbivoria estão
diretamente relacionadas com o conceito de fluxo de matéria e energia. O predatismo é a relação ecológica
em que um animal consome outro animal para fins alimentares e de sobrevivência.
Já a herbivoria, é o
consumo de plantas e vegetais por outros animais, estes herbívoros, também para
se alimentar e sobreviver.
Dessa forma,
a matéria consumida pelos organismos e a energia gerada estão diretamente
relacionadas com esse tipo de relação e, portanto, as relações ecológicas estão relacionadas com o
fluxo de energia.
Outro
conceito importante para auxiliar a compreender a complexidade do fluxo de
matéria em um ecossistema, que também está relacionado com as relações
desarmônicas já citadas, é o conceito de Cadeia Alimentar.
A cadeia alimentar é um modelo
didático que visa organizar e exemplificar o percurso
de matéria orgânica dentro de um ecossistema através das relações de herbivoria ou predatismo existentes
entre os integrantes desse ecossistema.
Dentro de uma
cadeia alimentar, os organismos que a constituem e que se relacionam estão
dispostos em níveis chamados de níveis
tróficos. Cada nível trófico apresenta um animal, ou um conjunto de
animais, que compartilham, nutricionalmente, o mesmo nicho ecológico, possuindo, assim, os
mesmos hábitos alimentares.
Os
níveis tróficos podem ser divididos em:
- Produtores: Organismos autótrofos que
produzem o próprio alimento. Em termos energéticos, são os organismos que
convertem a energia química inorgânica ou luminosa em energia bioquímica;
- Consumidores: Organismos heterótrofos que
consomem a energia e a biomassa presente no nível trófico abaixo do que se
encontram. São, portanto, organismos que consomem outros organismos e
podem ocupar diferentes níveis tróficos. Por exemplo, os consumidores
primários se alimentam dos produtores através da relação de herbivoria; os
consumidores secundários se alimentam dos consumidores primários; os
consumidores terciários se alimentam dos consumidores secundários através
de relações de predatismo.
- Decompositores: O último nível trófico é composto
pelos organismos que se alimentam de matéria morta e em decomposição São
organismos que se alimentam dos restos mortais ou alimentares dos demais
níveis tróficos. Dentro desse nível estão os fungos, algumas bactérias e alguns protozoários.
- .
Fluxo de Energia
A energia presente em um ecossistema caminha entre os diversos níveis tróficos com base na alimentação dos organismos, que tem como objetivo principal adquirir energia para ser armazenada e utilizada nos diversos processos metabólicos. Dessa forma, o fluxo de energia em um ecossistema inicia-se com os produtores, que conseguem converter a energia luminosa, através da fotossíntese, ou inorgânica, através da quimiossíntese, em energia bioquímica, que o organismo utilizará para o seu desenvolvimento e sobrevivência.
Conforme o nível trófico vai se elevando ao longo da cadeia, a energia do sistema tende a diminuir, ao passo que um organismo se alimenta de outro. Parte dessa energia é perdida na forma de calor ou utilizada para os seus próprios processos metabólicos. Portanto, a energia dentro de uma cadeia alimentar tende a diminuir de um nível trófico para outro.
A pirâmide ecológica de energia, dessa forma, apresentará um único arranjo, com a base sempre maior que os demais níveis, sempre expressa em cal/m².ano (calorias por metro quadrado ao ano) ou ainda kcal/m².ano (quilocalorias por metro quadrado ao ano).
Pirâmide de Energia.
Os decompositores geralmente não são considerados nas pirâmides ecológicas, pois isto dificultaria o entendimento didático do esquema, uma vez que todos os organismos estão submetidos a ação dos decompositores. Ainda assim, em algumas pirâmides, os decompositores são representados como um bloco à parte, o qual está presente em todos os níveis tróficos.
Fluxo de matéria ou biomassa
O fluxo de matéria, ou biomassa, está diretamente relacionado com o fluxo de energia em um ecossistema, isso porque ao se alimentar para adquirir energia e outros compostos, o organismo ingere uma quantidade de biomassa pertencente ao organismo que ele consumiu.
Dessa forma, a quantidade de matéria consumida em um determinado nível trófico pode ser esquematizada em uma pirâmide de biomassa, geralmente expressa em g/m² (gramas por metro quadrado).
De forma mais comum, em um ecossistema, a quantidade de biomassa ou matéria pertencente ao nível trófico dos produtores é maior e, à medida que se avança para os níveis tróficos posteriores, a quantidade de matéria tende a diminuir.
Por exemplo, a quantidade de vegetais em um determinado bioma é maior em biomassa que a quantidade de gafanhotos que se alimentam desses vegetais. A quantidade de gafanhotos, por sua vez, é maior que a quantidade de pássaros que se alimentam deles. Com isso, a pirâmide de matéria é comumente representada com a base maior que o topo.
Em alguns casos, entretanto, a pirâmide de biomassa terá a base menor que os níveis subsequentes. Isso ocorre quando os produtores, embora ocupem uma área extensa, possuem biomassa bem pequena, como nos biomas marinhos, em que os produtores podem ser espécies de fitoplânctons que possuem massa (em gramas) pequena, muito embora ocupem uma extensa área (m²) do território.
Uma desvantagem da pirâmide de biomassa é que ela não considera o tempo de produção dessa biomassa e, dessa forma, não mostra a velocidade com que a matéria é produzida.
No exemplo da cadeia alimentar que tem fitoplânctons como produtores, à primeira vista, parece que o ecossistema não está em equilíbrio, já que a quantidade de matéria pertencente aos produtores é menor que a quantidade de matéria dos demais níveis tróficos, porém, o fitoplâncton tem uma taxa de reprodução elevada, se dividindo rapidamente e aumentando a biomassa em um curto período de tempo e com uma velocidade elevada, por isso, conseguem ser os produtores da maioria das cadeias alimentares de ambientes aquáticos.
Pirâmide de número
Na pirâmide ecológica de número, cada nível trófico visa representar a quantidade de organismos pertencentes àquela posição. Portanto, esse tipo de pirâmide pode apresentar diversos arranjos, principalmente quando se analisa pequenos ecossistemas.
Normalmente, a pirâmide de número apresenta bases maiores que o topo, mostrando, geralmente, que a quantidade de produtores em um ecossistema é maior que a quantidade de consumidores primários, que, por sua vez, é maior que a quantidade de consumidores secundários - formando, assim, o arranjo normal de um pirâmide com a base maior que o topo.
Em alguns casos, como em pequenos ecossistemas, o arranjo da pirâmide pode mudar. Por exemplo: uma cadeia alimentar composta por uma única árvore produtora, que serve de alimento para vários insetos, que, por sua vez, servem de alimento para pássaros: a base da pirâmide será menor que os demais níveis.
No caso de uma cadeia alimentar contendo espécies de parasitas, a pirâmide terá outra conformação, esta chamada de pirâmide invertida. Considerando o exemplo de uma árvore produtora, da qual se alimentam uma maior quantidade de insetos: se, nesses insetos, houver a incidência de parasitas, como algumas bactérias, a quantidade desses parasitas será maior que a população de insetos presentes na cadeia. Dessa forma, a pirâmide, nesse caso específico, terá a base menor que o topo.
A desvantagem da pirâmide ecológica de número é a sua simplicidade. Ela desconsidera o tamanho do indivíduo presente em cada nível trófico, bem como não apresenta a quantidade de biomassa ou matéria orgânica que é deslocada de um nível para outro. Todas essas informações precisam ser fornecidas e não estão incluídas no desenho esquemático da pirâmide de número.
Exercícios
1. Estudos de fluxo de
energia em ecossistemas demonstram que a alta produtividade nos manguezais está
diretamente relacionada com as taxas de produção primária líquida e com a
rápida reciclagem dos nutrientes. Como exemplo de seres vivos encontrados nesse
ambiente, temos: aves, caranguejos, insetos, peixes e algas.
Dos grupos de seres vivos citados, as que contribuem diretamente
para a manutenção dessa produtividade no referido ecossistema são
A - Aves. B - Algas. C
- Peixes.
D - Insetos. E - Caranguejos.
2. A figura representa uma
cadeia alimentar em uma lagoa. As setas indicam o sentido do fluxo de energia
entre os componentes dos níveis tróficos.
Sabendo-se que o
mercúrio se acumula nos tecidos vivos, que componente dessa cadeia alimentar
apresentará maior teor de mercúrio no organismo se nessa lagoa ocorrer um
derramamento desse metal?
A - As aves, pois são os predadores do topo dessa
cadeia e acumulam mercúrio incorporado pelos componentes dos demais elos.
B - Os caramujos, pois se alimentam das raízes
das plantas, que acumulam maior quantidade de metal.
C - Os grandes peixes, pois acumulam o mercúrio
presente nas plantas e nos peixes pequenos.
D - Os pequenos peixes, pois acumulam maior
quantidade de mercúrio, já que se alimentam das plantas contaminadas.
E - As plantas aquáticas,
pois absorvem grande quantidade de mercúrio da água através de suas raízes e
folhas.
3. Observe, inicialmente,
as duas cadeias alimentares:
árvore → preguiças →
pulgas → protozoários.
milho → roedores →
cobras → gaviões.
Observe os modelos de pirâmide a seguir:
É correto afirmar, com
relação às cadeias 1 e 2 e aos modelos de pirâmides I e II, que:
A - a pirâmide I pode representar tanto o número
de indivíduos como a quantidade de energia disponível em cada nível trófico da
cadeia 2.
B - a pirâmide II pode representar tanto o número
de indivíduos como a quantidade de energia disponível em cada nível trófico da
cadeia 1.
C - a pirâmide II pode representar a quantidade
de energia disponível em cada nível trófico da cadeia 2.
D - a pirâmide I pode representar o número de
indivíduos em cada nível trófico da cadeia 1.
E - a pirâmide I pode
representar o número de indivíduos da cadeia 2, e a pirâmide II, a quantidade
de energia disponível em cada nível trófico da cadeia 1.
4. Leia atentamente o
seguinte texto:
Em uma região de campo, os
agricultores perceberam que alguns pássaros se alimentavam das sementes que
eles plantavam, trazendo-lhes prejuízo. Esses animais chegavam a desenterrar as
sementes para comê-las. Pensando em se livrar deles, os agricultores promoveram
uma campanha de perseguição e caça, o que fez a população de pássaros diminuir
drasticamente.
Agora, considere a cadeia alimentar a
seguir para responder às perguntas propostas.
Planta gafanhoto pássaro
a) Com
a diminuição da população de pássaros, o que ocorrerá com a população de gafanhotos?
b) O
que ocorrerá com as plantas desse ambiente algum tempo depois de a população de
pássaros diminuir?
5. Existe
uma expressão popular que afirma: “Este corpo, que um dia a terra há de comer”.
Nela, o termo terra está substituindo um grupo de seres vivos que vivem na
terra e são classificados como:
a) consumidores primários.
b) decompositores.
c) produtores.
d) consumidores secundários.
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